
O corpo grita
Como nascem as doenças?
Virais? Vírus? Todas elas? Que sintomas?
O que acha que acontece quando diz viva voz, com os olhos ou mesmo quando a sociedade nos diz:
– Tens de ser forte!
– Tens de aguentar!
– Engole o choro!
– Cerra os dentes!
– Cala a boca!
– Não podes dizer isso!
– Não podes fazer isso!
– Engole os sapos do trabalho!
– Casamento é para a vida inteira! Aguenta!
– Tens de aguentar e levar a tua cruz ao calvário!
Nestas alturas o corpo começa a falar…
É o pé que não para de abanar. A dor de cabeça. A ansiedade. O nó na garganta. As rugas na testa. O cansaço. Falam as insónias. Fala o sono pesado todo o dia. Falam os cancros. Fala a obesidade. Fala a compulsão (seja pelo que for) e as consequências disso.
Quanta amargura precisa para ter diabetes?
Quanta saudade, quanto rancor, quanta insatisfação, quanta dor é precisa para se manifestar um cancro?
Quanta raiva contida precisa para ter uma gastrite?
Quantas emoções não expressadas precisa para estar sempre com problemas de digestão?
Quantas palavras presas entre o peito e a garganta precisa conter para ter problemas nas cordas vocais, na garganta e na tiroide?
Quanta insatisfação constante, quanta dor, quanto sofrimento precisa aguentar para ter uma infeção que teima em não passar?
Quanta falta de amor precisa ter para a sua pele doer, coçar e se manifestar?
Quanta falta de atenção para as alergias se manifestarem?
Quanta falta de ar, para a asma acordar?
Quanta dose de abandono para tudo aguentar, tudo acumular e a obesidade se mostrar?
Toda a emoção e todo o sentimento mal canalizado, não manifestado causa doença que se pode tornar mais ou menos profunda, mas sempre reincidente.
O que precisas mais para viver a tua vida da forma que sabes e com a liberdade que podes?
Onde estão os teus limites para poderes mudar a tua história pessoal e com isso de todas as gerações vindouras de ti?
Tudo isto ganha poder com o “aguentar”, com o “relevar”, com o “nada dizer”.
Tu calas para fora, mas o teu corpo fala para dentro. Adoecemos porque cultivamos anos a fio dentro do corpo e dentro do coração, coisas que não digerimos: primeiro no ventre e como crianças, porque não as sabemos digerir e não temos proteção ou mecanismos para o fazer. Depois, numa idade intermédia, porque não as sabemos compreender e por isso não termos maturidade para agir. Na idade adulta, por opção.
Ao comunicar como sabe, ao expressar-se, mete cá fora a dor e tranquiliza o corpo e o sofrimento.
Converter a dor e o sofrimento é possível: numa carta, num poema, num livro, numa música.
Pode fazer piadas, pode escrever, pode pintar, pode amar…
Fale sozinho, fale com o gato, com o cão, grite ao céu, grite a Deus, mas não se cale. Se engolir tudo o que lhe dizem implicitamente o explicitamente para engolir, vai afogar.
Trabalhe para nunca engolir, mas saiba ouvir. Saiba pensar, saiba sobretudo respeitar (a si principalmente) e saiba amar.
É tempo de sarar, de perdoar, é tempo de viver: perdoa-me, sei o que sentes porque sinto de alguma forma o mesmo, amo-te e obrigada pela lição que foste na minha vida.
O corpo grita. E antes que ele grite, grito eu.
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